RELER: tominfinland - Mr Fetish Finland 2019

RELER: tominfinland - Mr Fetish Finland 2019

de Notícias Recon

01 de agosto de 2019

Recon: Quais são seus principais fetiches?

Tominfinland: Pergunta difícil, eu realmente gosto de uma grande variedade de coisas no mundo fetichista e eu poderia dizer que tenho um grande medo de deixar passar algo (obrigado, millennials), então eu vivo sob o mantra "experimente tudo pelo menos uma vez, ou duas, só pra garantir".

Mas, no fim das contas, sempre depende do(s) caras(s) com quem estou brincando. Realmente vai de acordo com a química e com o que dá certo, isso é o que define no que eu vou me aventurar naquela sessão.

Mas, se eu tivesse que escolher, a troca de forças está no centro dos meus interesses, e é a razão pela qual eu curto alguma coisa ou não. Eu adoro a perseguição e a tensão sexual que se desenvolve a partir disso: quem vai investir primeiro e dar o primeiro passo, e qual é o papel deles na sessão resultante?

Em termos de gear: couro, uniformes e roupas de luta greco-romana todas representam troca de forças, fazendo delas escolhas naturais para eu manifestar esse fetiche em mim.

Eu também fico bem excitado com o contraste de dia/noite. Então, basicamente pode-se dizer que eu tenho duas caras quando o assunto é fetiche. Eu adoro quando eu saio com um cara e ele pensa que eu sou um pouco inocente e baunilha (e eu sei que ele não é), e no minuto seguinte estamos numa festa fetichista de sexo pesado e ele fica um pouco atordoado. É sempre divertido.

R: Como foi sua primeira experiência com couro?

t: Eu saí do armário bem cedo, e minha irmã sendo a pessoa incrível e apoiadora que é, me deu uma agenda com um desenho do Tom of Finland na capa. Eu não sei se ela sabia o que era Tom of Finland, ou que havia todo um universo a respeito do seu trabalho lá fora, mas aquela simples imagem definitivamente desencadeou em mim uma busca frenética on-line, entre outras coisas ...

Eu comecei a brincar de fato com couro no meu último ano do ensino médio, quando eu namorava um cara que também curtia fetiche, especialmente couro. Antes de nos conhecermos, ele tinha ido a San Francisco e voltou com alguns acessórios de couro (e algumas histórias de saunas) e começamos a explorar o fetiche juntos.

Nenhum de nós revelou nosso interesse em fetiche por algum tempo, mas em dado momento fizemos isso, e foi do caralho. Isso me ensinou uma boa lição sobre ser aberto com os parceiros sobre o que eu curto, e, para o bem ou para o mal, tenho sido aberto desde então.

R: O que você ama no couro e na cena fetichista do couro?

t: Eu amo o cheiro de couro. Eu não tenho certeza o que era no começo, mas agora há uma associação com sexo, luxúria, suor, poder, controle e falta dele. O simbolismo dos uniformes (de couro ou não) estimula a dinâmica de poder que tanto amo. É difícil não ficar excitado com isso!

Eu sempre admirei todos os aspectos da relação fetichista Sir/garoto que um dia existiu (e, que de alguma forma, ainda existe). Não apenas pelo aspecto sexual, mas também pelo que representou e representa: criar sua própria família, cuidar um do outro e proporcionar um ambiente seguro para explorar seus fetiches.

Eu acho que é isso que eu vejo e amo na cena do couro (e fetiches) como um todo. Quando você mergulha nela, você descobre que é uma comunidade feita de pessoas descobrindo a si mesmas e suas sexualidades, livres de julgamento (pelo menos em relação a seus fetiches).

R: Como é a cena fetichista na Finlândia?

t: A cena fetichista aqui é maior do que se espera! Nosso clube fetichista local, MSC Finland, está em atividade há mais de 40 anos, e ser a casa do Tom of Finland é um legado muito forte.

Além das festas fetichistas mensais feitas pela MSC Finland, existem também muitas festas privadas onde as pessoas têm o primeiro contato, e a partir daí (ou de outros meios) elas começam a desenvolver e aprender mais sobre seus fetiches e interesses, e começam a participar das noites no MSC.

A cena também é bem diversa. A Finlândia é um país europeu muito branco, mas na cena fetichista você encontra uma boa representação de diferentes etnias, países e idades, o que eu acho incrível.

R: O que fez você participar do concurso Mr Fetish Finland?

t: Algumas pessoas sugeriram que eu deveria pensar em participar, mas eu não tinha certeza se eu me sairia bem ou mesmo se eu saberia o que fazer, então não sabia o que esperar e meio que engavetei a ideia.

Como muitos caras que conheci ao longo dos anos, eu fiquei à margem do fetiche e da comunidade MSC Finland por vários anos, participando de algumas festas, mas nunca me jogando totalmente nisso. Eu vi a ideia de participar do Mr Fetish Finland como uma desculpa para me dedicar totalmente à cena, para ser aberto e orgulhoso dos meus fetiches, e para encorajar os outros a fazerem o mesmo.

Eu também acredito em positividade sexual e sou pragmático em relação à saúde sexual. Há cerca de 4 anos, decidi que queria começar o PrEP e, depois de quase ter sido ridicularizado por um médico, decidi ir atrás em como consegui-lo. Eu ri por último. Agora eu sou um grande defensor da PrEP e de tudo sobre saúde sexual por aqui, e vejo o Mr Fetish Finland como uma plataforma para promover isso na comunidade fetichista.

R: Como foi o concurso, e qual a sensação de vencer?

t: Eu estava nervoso pra caralho. Essa foi a primeira coisa do tipo que eu participei. Além disso, eu era alguém à margem da cena e enfrentei dois grandes colegas concorrentes: Anton, que está bem estabelecido na comunidade; e Zafar, o primeiro Mr. Rubber Mexico.

E para adicionar mais uma camada de nervosismo, a plateia não era apenas de homens, mas aberta a todos, então você tinha que ter muita certeza de que seria aberto e orgulhoso de seus fetiches, porque aquilo se tornaria público de qualquer maneira!

Vencer, é claro, foi fantástico, mas, mesmo se eu não vencesse, eu tive a chance de fazer um alerta sobre a acessibilidade da PrEP e tornar mais pessoas conscientes disso. Uma das coisas mais estimulantes e surpreendentes foi o apoio e os parabéns vindos de lugares que eu não esperava, do meu cunhado postando sobre isso em seu Facebook, e amigos, os quais eu esperava que estivessem um pouco chocados, mas foram incrivelmente apoiadores. Definitivamente isso me ensinou uma coisa ou duas sobre fazer suposições!

R: Qual é a melhor coisa em ser um Mr Fetish?

t: Minha eleição foi há menos de um mês, então tudo é muito novo, logo muita coisa pode mudar! Por enquanto, é conhecer pessoas. Já adorei conhecer tantos fetichistas em Helsinque e na Antuérpia. É incrível ver o quanto essa comunidade tem orgulho e mal posso esperar para conhecer mais de vocês.

Espero poder trabalhar em alguns projetos este ano na comunidade em geral e também para a MSC Finland, para fazer o possível para ajudar a fomentar e desenvolver o que já é uma grande comunidade.

E isso me incentiva a vestir o meu gear ainda mais, ou pelo menos levantar a bandeira do fetiche sempre que posso, encorajando os caras a serem ousados, orgulhosos e participativos.

R: O que você busca em homens fetichistas?

t: Bom, provavelmente o óbvio é ter interesse em gear, seja em couro, esportes, punk, chav, látex... todos eles têm um charme próprio dentro da sessão e significam metade da diversão!

Caras que conseguem dançar conforme a música e não precisem de um script. Caras que conseguem experimentar coisas novas. Caras que consigam manter uma conversa depois do (ou durante o) sexo. E, mais importante, caras que conseguem rir no sexo! Sons estranhos acontecem, pessoas caem das camas, cabeças batem, cachorros conseguem abrir a porta e tudo o que você pode fazer nesse ponto e rir. Não precisa ser muito sério!

Uma coisa que eu aprendi cedo é jogar fora o conceito de "ter um tipo", especialmente na cena fetichista. Você nunca sabe o que existe por trás dos olhos da pessoa e da roupa. Se eu olhar para os caras com quem tive minhas melhores transas, nenhum deles se encaixa naquilo que eu consideraria ser meu tipo no passado, mas a conexão e a diversão que tive com eles foi fenomenal.

Ah, e aqueles mais quietos que sentam e esperam (especialmente em grupos) … eles são sempre a diversão mais perigosa.

R: Conte nos sobre seus cenários de transa preferidos

t: Eu tendo a gostar de brincadeiras prolongadas. Me dá a chance de explorar uma conexão, encontrar meu passo, e descobrir o que faz o outro tremer.

Depende totalmente da dinâmica com o(s) outro(s) cara(s). Alguns bons brinquedos, uma mente suja e pervertida, algum gear para vestir, um pouco de agressividade, instinto animal, estar excitado sobre o que pode acontecer, e se focar e curtir o que está acontecendo. E, se for em grupo, se envolver com todos.

Se for um festival de foda animalesco, ótimo! Se for passar toda uma sessão sendo estimulado por um Dom, ótimo! Se for uma troca de forças pig, agressiva, cheia de sufocamentos e cuspes, ótimo! Se for uma luta greco-romana em gear com os paus quase explodindo pra fora dos macacões, ótimo pra caralho!

Eu acho que é justo dizer que eu gosto de sexo incrível e sem barreiras.

R: E, por fim, se tem algo que queira dizer para nossos usuários – ou para o mundo fetichista em geral – agora é o seu momento

t: Ajude e apoie os novatos, tanto em superarem o obstáculo mental de sairem do armário como fetichistas e o obstáculo de não ter gear. Alguns de nós são mais ousados do que outros, mas alguns de nós precisam de algum tempo e apoio para se sentirem confortáveis o suficiente para participar. Todos nós estamos em situações diferentes de nossas vidas e devemos nos lembrar disso. Nem todos podem viver seus fetiches em suas vidas cotidianas (bom, para algumas pessoas, ter uma vida dupla é parte da diversão).

Lembre-se que a parte mais legal dessa comunidade são as amizades. Existe muito mais em uma pessoa do que sua foto. Ela não pode ser seu tipo, ela não pode combinar com o que você curte, mas, especialmente nesta comunidade fetichista, ela é uma pessoa e pode ser tornar um amigo seu. Não ignore o valor disso.

Se me vir por aí, venha e diga oi! Mesmo se eu estiver com minha cara de "sai daqui" (é todo um nível superior em relação ao carão padrão). Aparentemente, eu sou uma pessoa boa.

E não poderia deixar de dizer para se juntarem à turma do Recon em Helsinki na 33ª edição da Finlandization em agosto! A tendência é fazermos as coisas um pouco diferentes nos países nórdicos, e a Finlandization não será exceção...

Se você quiser participar de uma entrevista Recon, você pode se inscrever enviando seu nome de usuário para: social@recon.com

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