ENTREVISTA COM USUÁRIO: NickDawson
de
Notícias Recon
24 de março de 2017
Recon: Oi, NickDawson
Como você descobriu seu lado pervertido?
ND: Ele tem sido parte minha desde que me lembro por gente. Sempre fui atraído por rapazes masculinos em jaqueta e bota de couro, mas só mais tarde eu descobri que realmente isso era um fetiche meu. No começo, eu nunca havia ouvido palavras como tara ou fetiche… eu sou da era pré-internet (risos). A informação não era tão acessível como hoje. Eu descobri que eu precisava de acessórios fetichistas para gozar. Somente aos 21 anos que eu me atrevi a começar a usar as palavras fetiche e taras, e comecei a pôr em prática meu lado pervertido.
R: Como suas preferências fetichistas vem progredindo nos últimos anos?
ND: Bastante, e tenho certeza que muitos dos usuários têm passado por uma transição similar. Começou com um fetiche por couro ou roupas masculinas. Somente quando eu comecei a sair e ver (eu não me atreveria a participar de qualquer tipo de prática) a maneira pervertida de se fazer sexo, envolvendo BDSM, etc, é que eu fiquei curioso. Depois, comecei a pesquisar online (a internet estava chegando) e achei aquilo muito interessante. A semente estava plantada e eu continuava a descobrir mais e mais do meu lado pervertido indo a bares em Amsterdã. Eu percebi que era isso que eu precisava para gozar. Eu claramente me lembro da primeira vez que eu estava dando um trato em um rapaz no Argos em Amsterdã com meu chicote. Foi uma experiência incrível, e eu sabia que esta era a trilha que eu precisava seguir para explorar minha sexualidade.
R: Por quanto tempo você usa o Recon, e para que o usa?
ND: Comecei a usar o Recon quando era ainda o worldleathermen.com. Eu era muito jovem e entrei em um relacionamento no qual não havia lugar para fetiches e taras. Eu mantive meu perfil e continuei a explorar meu lado pervertido na internet. Eu tive que descobrir (dentro dos limites de um relacionamento monogâmico) o quão importante eram pra mim o couro e as taras. De início eu usava fotos fetichistas de couro comuns que eu encontrava na internet, mas fingia ser outra pessoa?! Sim, eu era um desses… Eu tinha muito medo de me mostrar publicamente e me assumir como homem leather naquela época. Quando eu comprei minha primeira jaqueta de couro (falso), luvas de couro e botas de motoqueiro, tudo aquilo mudou muito rápido. Fiz algumas fotos provocantes minhas no meu primeiro gear com um cigarro apagado e comecei a ter pessoas pra conversar muito mais facilmente. Conheci rapazes em situações semelhantes e gozava vendo homens tesudos em couro, até que o meu (agora) ex-namorado descobriu meu perfil. Eu havia esquecido de apagar o histórico no laptop dele e ele veio pedir explicações. Com razão, ele não estava feliz em me ver online daquele jeito. Eu apaguei o perfil e não segui meu instinto leather por alguns anos, até eu começar a sentir falta de coisas em nosso relacionamento e criar novamente um perfil em 2004. Eu tive que começar a entender o quanto eu precisava daquilo em meu relacionamento e se valeria a pena terminar meu relacionamento de 6 anos. Mais 5 anos se passaram, nos quais eu comecei a me encontrar secretamente com rapazes e fiz minha primeira sessão de fotos fetichistas com Matt Spike em Londres. Este foi o começo da minha nova atitude de acordo meu instinto leather, saindo do armário como um homem leather cheio de orgulho.
R: O que o couro tem que chama tanto a sua atenção?
ND: Eu simplesmente amo o cheiro dele. Ele tem um cheiro incrível que me embriaga quando eu sinto. Ele vai direto pra minha cabeça e pro meu pau. Combine isso com fumaça de cigarro ou charuto e eu estou no paraíso leather. Eu sou um fumante social, mas quando estou equipado ele me deixa aceso, se é que você me entende. Claro que o visual, o toque, e não nos esqueçamos do som, são grandes atrativos também.
R: Você poderia descrever para nos o que é seu instinto leather?
ND: Foi um nome dado a mim por um Sir muito respeitável e que admiro muito. Quando nos conhecemos ele me descreveu como natural, e ele percebeu que eu agia por instinto quando eu interagia com outros homens leather. E é bem verdade. Eu nunca tive um mentor ou um Sir que cuidasse de mim quando eu explorava meu lado pervertido. Eu o fazia por mim mesmo e seguia meus instintos. O comportamento instintivo vem de dentro, e não é algo que se aprende de outras pessoas. Mesmo hoje, e como eu abordo minhas taras. Eu confio no meu instinto leather e ele nunca me deixou na mão.
R: Você ganhou o título do Mr. XXX Leather do ano passado. O que te fez entrar no concurso, e quais foram os desdobramentos?
ND: Eu sempre disse que não sou o tipo de cara para uma competição como essa. Eu prefiro trabalhar nos bastidores. Eu já era membro ativo da comunidade Leather holandesa por aluns anos naquela época. Nós montamos o C.A.L.M. (Club of Amsterdam LeatherMen) e eu estive bem ativo em sessões de fotos fetichistas. Aquilo era holofote demais pra mim. Até os caras da XXXLeather pedirem para que eu entrasse na competição. Anteriormente eu já recusei pedidos para o Mr. Leather Amsterdam, mas as pessoas do XXXLeather tinham se tornado meus amigos. Eu consigo ser facilmente convencido pelas pessoas certas, daí eu entrei. Além disso, eles queriam que o XXXLeather fosse mais reconhecido internacionalmente. Para isso, eu tinha uma grande rede de amizades que usei para atingir o objetivo durante o ano do meu título.
Eu sabia pouca coisa do que eu estava me metendo. Tínhamos 3 rounds, uma entrevista no palco, uma performance e um discurso. Foi de deixar os nervos a flor da pele, mas foi uma experiência incrível. Com o apoio das Sisters of Perpetual Indulgence para meu "Sister act", eu consegui ganhar o título.
R: O que você fez durante seu período como detentor do título? Você foi a muitos eventos leather/fetichistas?
ND: Viajei bastante pela Europa. Desde eventos menores, como a Parada Leather UK em Bristol até a Folsom em Berlim. Foi tudo muito incrível. Estive fora por 35 finais de semana em um ano. Isto em cima de um emprego integral como professor universitário. Um grande desafio, algumas vezes ;)
Meu objetivo foi promover a XXXLeather o máximo possível. Muito disso é estar visível e presente nos eventos. Foi exatamente o que eu fiz. Além disso, estive ativamente envolvido na campanha PrEP e com a AIDS foundation Netherlands, além de fazer coisas malucas como dublar em um vídeo junto com 60 drag queens e apresentar leilões de escravos, para citar alguns.
R: Ainda no assunto viagem, você leva seu fetiche a outras cidades? Se sim, quais são suas favoritas?
ND: Eu raramente viajo sem gear. Viajei para a Ásia sem eles por um mês, e não ter acesso ao meu gear foi muita tortura. Uma das primeiras coisas que eu faço quando chego em casa é vesti-lo e bem… você sabe… Hoje em dia eu não viajo sem um par de botas, calças de couro, camisa de couro, luvas e um quepe. Uma cidade que gosto de visitar quando o assunto é fetiche é Berlim, porque muitos bares têm a opção de fumar dentro do local. Além disso eu amo Londres (vivi lá). Os homens do Reino Unido têm um lugar especial no meu coração.
R: Além do couro, que outros tipos de fetiche você curte, caso tenha?
ND: No começo era só o couro que me atraía, mas conforme os anos foram passando, eu comecei a me ver mais como um aficionado por gear. Realmente depende do meu humor para saber o que vestir, mas couro sempre será meu fetiche/tara preferido. Eu tenho roupas esportivas (visual scally). Adidas Chile e meias brancas com Nike Air Max me deixam muito aceso. Coloque um par de luvas de couro e eu….. acredito que tenham entendido! Eu também tenho um par de roupas de borracha e skinhead para diferentes tipos de brincadeira e humor.
R: Se você tivesse que escolher uma, qual seria sua peça fetichista favorita?
ND: Eu odeio esta pegunta, porque a fazem todo tempo e eu não consigo escolher uma hahaha. Eu acho que seriam as luvas de couro. Simplesmente porque o cheiro é incrível, elas são fáceis de carregar e você sempre pode tê-las com você. Eu acho que cada cara deveria ter um par de luvas de couro bem tesudas e uma jaqueta e…. hahaha
R: Quais os tipos de brincadeira você curte, e por quê?
ND: Atualmente eu gosto mais de sessões intensas de BDSM. Eu gosto da conexão e química entre um sub e um Sir. A troca de poder e intensidade é o que mais me fascinam. Eu sou muito sensível em relação ao local e a configuração. Uma cama comum ou um quarto de dormir não funcionam muito pra mim. Eu também gosto de muita pegação. Um jogo "prenda-me se for capaz" pode ser bastante excitante.
R: O que você procura em homens fetichistas?
ND: Você quer dizer o tipo de homem que me atrai? Bom, geralmente prefiro homens com barba e uma aparência risonha, as vezes nerd. Eu piro em caras fofas. Eu gosto de flertar e gosto de rapazes que conheçam essa arte também. Eu gosto de ser provocado, mas não confunda, eu sempre termino em cima ha ha ha… Fora disso tudo eu sou um cara muito romântico. Eu amo noites fetichistas no sofá bebendo algo e vendo um filme juntos. É raro achar em nossa comunidade, mas quem sabe algum dia (isso se tornou um anúncio de namoro de repente?)
R: O que você espera de um cara em um encontro de vocês dois?
ND: Personalidade! Seja você mesmo e não finja ser alguém que não é. Seja genuíno, isso é muito atraente, e não se leve não a sério. Relaxe e curta o momento de dois caras legais estando juntos, e o que tiver que acontecer, acontecerá… deixe a vida te levar.
R: E por fim, você tem alguma coisa a dizer/compartilhar com nossos usuários
ND: Use esta plataforma maravilhosa para explorar sua sexualidade e se encontrar com caras afins. Curta a jornada que muitos de nós não conseguimos vivenciar. Confie em seu instinto. Esteja são e seguro, mas curta cada minuto! Lembre-se de ter orgulho de quem você é e que tem lugar pra todos nesse mundo. Não tenha medo de mostrar quem você é e de fazer sua voz ouvida. Seja a melhor versão de você, a que você pode ser!
Abraços em couro, ND
Se você quiser inscrever-se para ser entrevistado pelo Recon, envie seu nome de usuário para: social@recon.com
Compartilhe