ARTIGO DO USUÁRIO: Shibari
de
Notícias Recon
02 de abril de 2019
Por LeatherSamFinland
Shibari ou Kinbaku são palavras japonesas para o bondage com cordas. Usualmente, shibari é usado para o bondage com cordas em geral e frequentemente para o bondage com cordas não-japonês. Kinbaku se refere mais ao bondage japonês erótico com cordas. Kinbaku definitivamente é um dos meus fetiches favoritos, além das minhas preferências por gear, camisas de força, brincadeiras envolvendo dor, etc. Eu tive o grande prazer de amarrar e ser amarrado em vários lugares, como Londres, Berlim, Helsinki, Tóquio, Osaka e Taipei. Especialmente no Japão, me perguntaram como o bondage ocidental se difere do bondage japonês.
Eu vejo que, em muitas cenas BDSM ocidentais, os equipamentos para bondage – correntes, camisas-de-força, amarras especificamente desenhadas – são mais populares que corda. Talvez essas coisas estejam histórica e culturalmente conectadas, ou talvez seja porque é necessário mais tempo para se aprender a fazer bons trabalhos com corda. Um Mestre das cordas precisa saber alguns nós básicos, às vezes padrões complexos de amarrações e algumas coisas sobre anatomia (especialmente nervos) para fazer que o bondage com cordas seja seguro.
Uma das coisas mais incríveis em se amarrar um cara é a conexão. Uma conexão que seja baseada na confiança e em gestos sutis, quando a amarração das cordas vai se apertando e levando o parceiro à submissão indefesa. Algumas vezes, ao começar a amarrar um cara, especialmente alguém novo nas cordas, é preciso acalmá-lo. Em uma sessão BDSM respeitosa e responsável, é sempre bom começar a sessão com negociação sobre limites, desejos e medos. Não somente para o submisso, mas para o Mestre das cordas. As cenas BDSM se encontram em uma área cinzenta das leis e, sem concordância mútua das ações pretendidas, o Dominador pode ter problemas com a justiça. São coisas completamente diferentes forçar os limites quando é desejado e destruir a intimidade do sub que entregou sua confiança nas mãos do Dom.
Acredito que o bom Shibari precisa, pelo menos, de três elementos:
1. A conexão entre o Mestre das cordas – ou nawashi – e o submisso.
Sem a conexão dos espíritos, a amarração (e a sensação) acaba sendo muito técnica. Pode se ter um ótimo visual, mas a amarração deve prender o momento das pessoas envolvidas na prática. Para mim, a conexão vem ao se observar pequenos gestos enquanto amarro um cara. A conexão gera confiança para o Mestre e o submisso. Eu quero que meus submissos esvaziem a mente e não estejam intoxicados durante a sessão. Uma vez tentei amarrar um cara que estava bêbado, e, depois de pouco tempo, estava claro que foi um grande erro e eu precisei encerrar a sessão imediatamente. Não houve conexão entre nós, e, pior, eu não conseguia prever se as coisas iriam caminhar para uma direção errada.
2. Empatia
Nas práticas SM (ou em uma troca de forças), a empatia desempenha um grande papel. Sem a empática, dificilmente haverá conexão. Mesmo ao provocar dor, o Dom precisa saber qual é a experiência do sub. A empatia possibilita desenvolver a prática em uma área na qual o submisso pode encontrar o seu subespaço. Ser atormentado e dominado, mas ao mesmo tempo se sentir extremamente seguro e cuidado é uma experiência incrível. Ver e sentir o cara caminhando para seu subespaço é algo muito satisfatório para o Mestre.
3. Entender as cordas
Eu admito que, como entusiasta das cordas, eu sou meio que um hippie – Eu amo as cordas naturais. A sensação, o cheiro e a origem delas. Cordas naturais são feitas de plantas que retêm energia e crescem na Terra. Depois de uma longa jornada, as cordas são cortadas em comprimentos certos, preparadas e banhadas em óleo para o uso no Shibari.
Durante a prática, as cordas agem como um canal entre o Mestre das cordas e o submisso, e, depois da prática, as cordas carregam consigo o momento e a história de seu uso. Eu acredito que entender o significado espiritual das cordas acaba aprofundando os laços.
Eu sempre digo que um nó não é um nó – um nó é filosofia. Um nó em uma corda é uma forma de transferência de energia e funcionalidade. Muita coisa de nossa história não existiria sem o conhecimento dos nós e cordas.
Cordas são incrivelmente flexíveis em seu uso e basta um pequeno ajuste nelas para tornar uma amarração fácil e relaxante em um tormento. E não há nada melhor do que a sensação da conexão e controle quando você amarra ou está sendo amarrado por alguém que compartilha de seus sentimentos.
Como conclusão deste devaneio, eu diria que o Shibari é uma arte parecida com uma estrela cadente no fluxo do universo. Ela brilha por um por um curto período de tempo, mas abre os sonhos e desejos do Mestre das cordas e de seu submisso.
Se você quiser escrever sobre seu fetiche ou sua paixão por certa tara, mande suas ideias ou rascunho de texto para: social@recon.com
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